sábado, 2 de abril de 2011

Uma velha cantiga trovadoresca

                                                       Fui à fonte lavar os cabelos
e gostei eu deles
e de mim, também

Fui à fonte as tranças lavar,
e das tranças pus-me a gostar
e de mim, também

Lá na fonte, onde eu gostei deles,
vi o dono dos meus cabelos
e de mim, também.

Lá na fonte, antes que eu partisse,
gostei tanto do que ele me disse
e de mim, também

João Soares Coelho
tradução de Natalia Correia

Reflexão


Era uma formiguinha que vivia satisfeita em seu formigueiro, trabalhando incansavelmente   com amor e dedicação, sempre sorridente. Para esta formiguinha tudo ia bem, tudo estava bom.

Como o cumprimento de suas obrigações pouco tempo lhe deixava para distrações, ela mal colocava as anteninhas para fora de sua casa. Quando o fazia, gostava de observar os outros formigueiros, com formiguinhas tão empenhadas quanto ela, cada um deles funcionando a sua maneira, cada um com suas próprias regras.

Às vezes via formiguinhas de mudança, às vezes via formiguinhas tristes, outras que se escondiam por um bom tempo em suas casinhas, outras que carregavam no peito a felicidade de terem encontrado, como ela, o formigueiro ideal. Via também outras formiguinhas que ainda não viviam em formigueiro nenhum, e que chegavam, às vezes de mansinho, às vezes na correria, para ver como era a vida por ali.

A formiguinha também notou que, por mais diferente que fosse a vida de cada uma delas, em sua busca pela felicidade e realização todas as formiguinhas estavam fadadas a viver escondidas no subterrâneo, para não serem pisoteadas por quem não compreendia em nada a beleza e a importância do trabalho a que se prestavam tão empenhadamente.

Até que a formiguinha passou a notar que, apesar dessa incrível semelhança, havia muito mais diferenças entre todas as formiguinhas do que ela antes havia imaginado, e que essas diferenças pareciam ser levadas muito mais a sério do que a semelhança que deveria uni-las.

Então a formiguinha ficou triste, encondeu as anteninhas dentro de sua casa e tornou a voltar seu pensamento para seu formigueiro apenas, onde tudo vai sempre bem, onde tudo está sempre bom.


com muito orgulho de sua casinha

nanda do PB

Sinceridade

                                
Hoje à noite, antes da segunda aula começar, eu estava sentada em um dos banquinhos da faculdade com os meus amigos, quando vi lá longe, em outro banco, um pontinho preto que me chamou a atenção.

Fui lá bem depressinha, e era um celular, novinho, novinho. Voltei pro meu banco e mostrei pro pessoal. "Olha as mensagens!", "olha a agenda!", "vê se tem foto de putaria", "devolve pro dono", "ah, não devolve não, é melhor que o seu", "é melhor que o meu, dá pra mim!".


Essas foram algumas das coisas que eu ouvi! Eu ia devolver é claro, só não sabia como. Fui olhar os contatos, encontrei um assim: "pai". Pensei em ligar. Imaginei a situação:


"Oi, to com o celular da sua filha"


"Minha filha foi sequestrada????"


Achei melhor não arriscar. Parti pras mensagens. "To na sala 220". Ótimo, se não tivesse sido duas horas antes. Outra: "Não vou pra aula hoje" hmm preguiçosa. Uma mais antiga: "passei no vestibular!!" aaah, bixete bonitinha...


Pra saciar a curiosidade dos meninos bobos, fui às fotos também. Não, nada de sacanagem! O que eu achei bem normal, já que eu pelo menos não carrego foto minha pelada no celular... já basta o blog não é mesmo  Dono ?

Bem, o jeito era esperar a menina ligar, o que não demorou muito pra acontecer. Perguntei onde ela estava, ela indicou a sala, falei pra ela esperar que eu iria até lá. A coitada estava lá sentada, tensa, com cara de passada. Entreguei o celular, ela ficou super feliz e agradecida. Perguntou se podia dar um abraço. Foi um abraço sincero.


E eu adoro atos sinceros.


    
 
                        nanda  do PB                                     

Aula de portugues

tema de hoje: o futuro do subjuntivo e as hipóteses, o futuro imediato e as certezas!

  nanda :hmm.... se eu conseguir fazer isso...

Dono: SE conseguir?
 
nanda :*pensando* hmm... eu vou fazer isso, daí eu...

  
nanda do  PB

                                

Daruma



                       Há quase  dois anos atrás, no meu aniversário, ganhei de uma amiga  um boneco Daruma. O  Daruma é uma espécie de talismã japonês, que tem os dois olhos brancos, como na foto. A ideia é fazer um pedido e pintar um dos olhos. O outro olho só deve ser pintado quando o desejo se realizar.

Naquela época eu tinha a alma e o corpo marcados pela tristeza. Marquei o primeiro olho do Daruma desejando simplesmente ser feliz. Eu não sabia que, pouquíssimos meses  depois  de formular esse desejo, eu iria conhecer a pessoa que iria realizá-lo. E posso dizer que hoje meu Daruma exibe orgulhosamente seus dois olhos pintados!

Obrigada Dono
com amor sua  nanda do PB